Por Sandro meira para o portal CGIPU,
Publicado em: 22/07/24 - 02:37
O tecido, com menos de 2 centímetros de diâmetro, é provavelmente da mesma tonalidade mencionada 25 vezes na Bíblia.
Um pedaço de tecido de quase 2 centímetros está lançando luz sobre um período da história humana. Datado com 3.800 anos pelos arqueólogos, ou seja, do período da Idade do Bronze, que compreende os séculos XX a XVIII antes de Cristo, o artefato possui uma coloração que foi feita com um inseto citado na Bíblia sagrada.
O animal se trata do “kermes vermilio”, uma espécie de cochonilha que mede até 8 milímetros. Ele foi identificado graças à técnica da cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Este inseto é citado 25 vezes na Bíblia, como sendo usado para tingir tecidos com a cor conhecida como “vermelho escarlate”.
A Bíblia chama o inseto de tola’at hashani, ou “verme escarlate”. Não por acaso, os arqueólogos ficaram impressionados quando viram a cor vermelho escuro ainda preservada no pequeno tecido, considerando os milhares de anos de idade do artefato, descoberto no deserto da Judeia em 2016.
Na’ama Sukenik, da Autoridade de Antiguidades de Israel, explicou que “antigamente, o corante era produzido a partir da cochonilha fêmea, que vive no carvalho-quermes (Quercus coccifera)”, uma espécie de arbusto natural do Mediterrâneo, conhecido em Portugal como “carrasco”.
“A coleta desses quermes foi feita em um período de tempo muito curto — um mês do ano, no verão, depois que a fêmea depositou seus ovos, mas antes que eles eclodissem — quando a quantidade de corante era maior”, destacou Sukenik, segundo o Times of Israel.
Comércio
De acordo com os arqueólogos, o inseto kermes vermilio não é encontrado em Israel, o que significa que a descoberta feita na Judeia indica a existência de um comércio internacional já naquela época.
Além disso, o tingimento também demonstra como a coloração dos tecidos era feita, sendo “a evidência mais antiga da técnica já descoberta” que, para Sukenik, “preenche a lacuna entre as fontes escritas e as descobertas arqueológicas”.